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MARTINHO DA VILA
Beni Galter
            A música popular brasileira deve muito a Marcus Pereira. Martinho da Vila também. No princípio dos anos 70 Marcus era dono de um bar em São Paulo. O jogral era freqüentado por artistas, músicos e por todos que gostavam de uma boemia. Ficava na rua Avanhandava, no centro da cidade.
            Nas noites do Jogral o cidadão comum corria o risco de cruzar de repente com Lupicínio Rodrigues, Martinho da Vila, ou Luiz Carlos Paraná, compositor de grande talento, autor entre outros sucessos de "Flor do Cafezal".
            No começo Martinho era um ilustre desconhecido, e Marcus Pereira foi de imensa valia, pois o ajudava nos contatos, hospedando o sambista em sua casa, etc... Mais tarde o jogral fechou, e Marcus Pereira abriu uma gravadora fazendo contribuição muito importante para a cultura musical brasileira: catalogou e organizou os ritmos brasileiros, num eficiente trabalho de levantamento nacional.
            Martinho da Vila é uma criatura eleita por Deus. Pertence a uma espécie de ser humano que, possuindo uma sensibilidade musical bastante acentuada, consegue transformá-la em sambas belíssimos, carregados de inspiração, levando com isso muita alegria ao nosso povo.
Nascido Martinho José Ferreira, em Duas Barras, Estado do Rio, no dia 12 de Fevereiro de 1938, em pleno carnaval, o menino se tornaria, ao longo de sua vida, um especialista em vencer dificuldades. Possuindo um profundo pendor religioso, quando pequeno não perdia uma missa, e aceitava com prazer a idéia de se tornar sacerdote. Porém, no início de sua adolescência, o futebol de várzea começou a afastá-lo da Igreja.
            Mudou-se de Duas Barras ainda pequeno ( 4 anos de idade ), juntamente com a família para a Serra dos Pretos Forros, que ficava na zona carioca conhecida como Boca do Mato. Seu pai, o senhor Josué Ferreira, era um misto de agricultor assalariado e guarda-livros, trabalhando em diversas fazendas ( no Estado do Rio ) ao mesmo tempo. Buscando melhores condições para todos, e achando que por ser alfabetizado teria melhores oportunidades mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi puro engano. No Rio, o pai, Martinho e as suas quatro irmãs, mal conseguiam manter-se. O menino fazia faxina em casas de famílias, limpava caixas de gorduras, vendia estrume para adubação e tudo mais que pudesse render algum dinheiro.
A primeira composição Martinho fez quando tinha 4 anos. Era uma marchinha dedicada ao time de futebol da Boca do Mato, onde atuava nos aspirantes. Essa música animava a torcida por ocasião dos jogos. Tornar-se compositor profissional não era a sua meta.
Durante o serviço militar, foi designado para trabalhar na farmácia do quartel. Fez diversos cursos e foi promovido a cabo, e depois, a sargento. Usando de suas amizades, conseguiu uma transferência e, durante 10 anos seria sargento-datilógrafo do Ministério da Guerra.
                Continuava na música como amador, mas vencia regularmente os concursos para samba-enredo da Aprendizes da Boca do Mato. Com isso a escola chegou ao primeiro grupo ( existem 3 grupos na classificação das escolas de samba ). Mas logo depois foi rebaixada e o desânimo tomou conta de todos. A decadência foi inevitável. "A Boca do Mato caiu, e Vila Isabel subiu. A turma da Boca do Mato não queria renovar nada, ao contrário de Vila Isabel que buscava renovação em tudo. Mesmo contrariado fui pra lá." Corria o ano de 1967. Desta forma, e nesta época, Martinho começou a ser chamado de "Martinho da Vila".

            Partido alto é um tipo de samba de roda onde o sambista entra, improvisa versos, enquanto outros participantes cantam o estribilho marcando o ritmo com palmas. O nome e o respeito ao sambista aumentou muito quando Martinho introduziu modificações significativas no samba de Partido Alto. Ele costumava explicar que o que fez, na realidade, foi uma estilização, dando ao ritmo uma estrutura definida, ou seja: o que antes era cantado de forma descompromissada ( tipo o nosso cururu ) passou a ter um tema com refrões mais ou menos alinhados. O samba composto por Martinho para a Vila Isabel para o carnaval de 1967 já trouxe estas novidades. Mas a escola se classificou em quarto lugar. Com este feito o novato Martinho passou a ser comentado e respeitado entre os grandes compositores das escolas de samba do Rio de janeiro.

            Já disse uma vez o grande poeta Vinícius de Moraes, que, para fazer um samba, é preciso um bocado de tristeza. Para entender a obra musical de Martinho da Vila, para entendê-lo bem, é necessário ir muito além daquele sorriso que emoldura o rosto do compositor 24 horas por dia. É preciso descobrir aquela tristeza carioca, marota, que permanece escondida por trás do peito dengoso e da voz preguiçosa.

            Inspirado num problema que estava vivendo o seu amigo Xavier, Martinho da Vila fez o samba "O Pequeno Burguês", que diz o seguinte:

" Felicidade, passei no vestibular
Mas a faculdade ela é particular
Particular ela é particular
Livros tão caros
Tanta taxa pra pagar
Meu dinheiro muito raro
Alguém teve que emprestar "

            Martinho compôs este samba em 1968, que foi gravado pelo próprio autor em 26 de maio de 1969, dando-lhe projeção nacional. Xavier, o amigo inspirador, residia num subúrbio do Rio, e fazia faculdade em Niterói. Como a faculdade era à noite, o rapaz quase nunca gastava, guardando o dinheiro para a condução.

            Depois de mais de 30 anos de carreira, alguns quilos a mais, e uma profusão de amizades conquistadas, Martinho da Vila ainda é o mesmo. Salvo pelos cabelos que começam a ficar grisalhos.

            Com o tempo vieram os filhos, depois os netos, enchendo a casa do sambista de alegria (inspiração para "Casa de Samba" ). Mas antes dos filhos e netos, um rosto calmo e severo de uma mulher que sempre teve um temperamento forte, marcou a infância e toda a vida do compositor. Dona Tereza, a sua mãe, que valeu muitos obstáculos, muitas dificuldades para criar os filhos sem pai. Ela conseguiu criá-los a todos, e o que é melhor: deu-lhes um caráter digno e honrado. Ensinou-os a serem verdadeiros homens.

            Sorriso aberto, e consciência de ter trabalhado como "um leão" para chegar onde chegou, Martinho José Ferreira é hoje conhecido internacionalmente como um campeão de vendagem de discos. De discos e de sucessos. Um dos mais autênticos representantes da música popular brasileira, no ritmo que melhor a represente: o samba brasileiro.

        Beni Galter 22/04/1997
Beni Galter


Beni Galter é radialista e empresário. 
Reside em Santa Bárbara D'Oeste, Estado de São Paulo.

 

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